MATEUS 24 OU JOĆO 14?
O pré-tribulacionismo, desde seu surgimento em meados do século XIX, se viu diante de um desafio explícito: no sermão profético, pronunciado por Jesus no Monte das Oliveiras poucos dias antes de sua crucificação, fica evidenciado que os escolhidos enfrentariam um período tribulacional nunca antes visto, testemunhariam a abominação da desolação e, após a concretização de todos os sinais e logo em seguida àquela tribulação, seriam ajuntados dos quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus (Mateus 24:1-51, Marcos 13:1-37, Lucas 21:5-38). A solução encontrada pelos criadores do modelo dispensacionalista foi negar a aplicabilidade do sermão profético, principalmente no que concerne à tribulação e ao ajuntamento dos escolhidos, à igreja e atribuir essas revelações tribulacionais somente ao povo judeu e aos "ex-desviados" que forem "deixados para trás" após o rapto pré-tribulacional. Só desta forma, o sermão profético se encaixaria dentro do modelo pré-tribulacionista. Seguindo essa linha interpretativa, as palavras do Mestre no cenáculo, pronunciadas somente dois dias após o sermão do Monte das Oliveiras e descritas em João 14:1-4, seriam uma revelação diferenciada da primeira, no que se refere à inserção da Igreja na tribulação e ao tempo do arrebatamento. Mais adiante, explicaremos porque não cremos que João 14:1-4 trata-se de uma descrição do arrebatamento ou revelação escatológica diferente às revelações do sermão profético contidas em Mateus, Marcos e Lucas. Referente ao conteúdo do sermão profético, registrado em Mateus, Marcos e Lucas, vemos que a posição dos teóricos pré-tribulacionistas é arriscada e temerária. Separar cronologicamente partes do sermão profético para judeus e outras partes para a Igreja, não nos parece o método mais congruente nem o mais aconselhável do ponto de vista de embasamento bíblico. Em primeiro lugar, Jesus não dirigiu seu discurso no Monte das Oliveiras a uma grande multidão da nação israelense, e sim a um grupo restrito de discípulos, aos mesmos que, semanas depois, começariam a pregar as boas novas dentro de poucos dias a todas as nações (Mateus 24:3). Estes discípulos, entre eles os apóstolos, seriam os arautos da fé e líderes da Igreja. Essa é a primeira razão para não retirar a Igreja do contexto das profecias do sermão profético, no que se refere à tribulação e ao arrebatamento. O sermão foi dirigido àqueles que seriam os primeiros cristãos. Um outro motivo, encontra-se em Mateus 28:20, onde Jesus, após sua ressurreição e pouco antes da ascenção, determina que os discípulos (provavelmente muitos do que estavam presentes no sermão do Monte das Oliveiras), ensinem aos que haveriam de crer a observar todas as coisas que Ele tinha mandado. Não nos parece apropriado separar e distinguir aquilo que o próprio Mestre não separou nem distinguiu! O sermão profético proferido pelo Mestre no Monte das Oliveiras se aplica tanto à nação israelense quanto à Igreja. Paulo nos dá uma grande amostra de como os cristãos primitivos guardavam os ensinamentos de Jesus contidos no sermão profético. Ao escrever aos tessalonicenses (gentios), no intuito de alerta-los contra erros que começavam a ser difundidos na época, relacionados à iminência da volta de Jesus, o apóstolo mostra que considerava o sermão profético uma revelação escatológica para a Igreja. Paulo deixa claro para os irmãos da igreja em Tessalônica que, a volta de Jesus e a nossa reunião com Ele (arrebatamento), não se daria antes da apostasia e da revelação do homem do pecado, o filho da perdição. Sem dúvidas, Paulo se baseou na seqüência escatológica já revelada pelo Mestre no Monte das Oliveiras. Jesus revelou que por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriaria (apostasia) e que ocorreria a abominação da desolação no lugar santo, momento em que o anticristo se revelará como tal (II Tessalonicenses 2:1-3, Mateus 24:12-15). Há uma sujeição total de Paulo às revelações do Salvador no sermão profético. Diante do exposto, não nos parece procedente não atribuir as revelações deixadas por Cristo no sermão profético à Igreja nem tampouco atribuir essas revelações exclusivamente ao povo judeu. De acordo com todo o contexto bíblico, inclusive o apocalíptico, a Igreja estará inserida no contexto tribulacional e experimentará o arrebatamento na volta gloriosa e visível de Jesus, logo após a grande tribulação.
A passagem bíblica mencionada acima é utilizada com muita freqüência por aqueles que seguem o modelo pré-tribulacional. Já outros autores pré-tribulacionistas acreditam que a verdadeira concepção pré-tribulacional só foi revelada a Paulo, pouco tempo depois. Aqueles que sustentam a idéia pré-tribulacionista com base em João 14:1-3, acreditam que a passagem em questão revela um rapto dos cristãos diretamente ao céu, à morada do Pai. A posição pós-tribulacionista não defende uma ida aos céus logo após o arrebatamento da Igreja, e sim a entrada dos fiéis arrebatados diretamente no reino milenal de Jesus.
Isso significaria que, a partir do momento que Jesus proferiu aquela revelação, partindo da premissa de que fosse a de um arrebatamento pré-tribulacional, é óbvio que os discípulos deveriam ter esse evento já em mente. Se alguém acredita que os servos do Altíssimo vão morar no céu após o arrebatamento, é lógico que acreditem também que o termo "na casa de meu Pai" se refere ao céu. Para entender a passagem em questão de forma mais profunda e sem idéias predefinidas, devemos considerar qual era a visão dos acontecimentos que os discípulos tinham quando ouviram essa revelação do Mestre deixar de lado nossas pressuposições. Ou seja, devemos considerar que parâmetros de compreensão os discípulos tinham para interpretar as palavras de Jesus naquele momento... O que eles conheciam até aquele momento a respeito da volta de Jesus para busca-los? Essa pergunta é fundamental para situar-nos na mentalidade deles e descobrir os seus parâmetros de interpretação para a revelação do Mestre em João 14:1-3.
No sermão, ocorrido apenas dois dias antes da revelação de João 14:1-3, foram detalhados por Jesus os principais acontecimentos que antecederiam sua volta gloriosa. Não há qualquer menção a uma possível vinda pré-tribulacional de Jesus no sermão do Monte das Oliveiras. A única vinda de Jesus mencionada no sermão ocorrerá "logo depois da aflição daqueles dias" (Mateus 24:29-31). Jesus tinha deixado para os discípulos uma série de sinais que eles deveriam observar e estar atentos. Somente estando atentos e vigilantes, eles poderiam saber, através dos sinais, quando a volta do Mestre estaria "próximo, às portas" (Mateus 24:33). Até mesmo a impossibilidade de calcular o dia e a hora, está relacionada a essa vinda em glória, pois é a única mencionada no contexto do sermão (Marcos 13:32-37). Fica claro, então, que a expectativa que os discípulos tinham, após ouvirem as revelações do sermão profético no Monte das Oliveiras, era de uma só volta do Mestre e que essa volta ocorreria logo após a tribulação e não num momento anterior. Como já vimos anteriormente, os pré-tribulacionistas desqualificam o uso do sermão do Monte das Oliveiras no que diz respeito ao arrebatamento da Igreja. No modelo pré-tribulacionista, a reunião e ajuntamento dos escolhidos, narrados e profetizados por Jesus no sermão, são eventos que se referem ao povo de Israel e não à Igreja. Já vimos que essa posição, além de ser temerária, é biblicamente infundada. Diante disso, vemos outro grande paradoxo pré-tribulacionista: qualquer razão dada pelo pré-tribulacionismo para a não aplicabilidade do sermão profético à Igreja, deveria aplicar-se também às revelações de João 14:1-3. As duas revelações em questão foram dadas por Jesus aos discípulos num período de dois dias entre ambas. Os discípulos eram, obviamente, judeus... Se esses discípulos representam os escolhidos ou os "santos da tribulação" do sermão do Monte das Oliveiras, porque não em João 14:1-3, já que eram os mesmos interlocutores? Ainda mais: a revelação de João 14:1-3 foi dada aos discípulos (judeus) em meio às celebrações da principal festa judaica: a páscoa. Vemos então que o pré-tribulacionismo usa um padrão duplo, ao sustentar que as revelações escatológicas do sermão profético, referentes ao arrebatamento e tribulação, são diferentes à revelação de João 14:1-3, referindo-se ao povo judeu e à Igreja, respectivamente. Se seguirmos uma atenta linha de estudo, perceberemos que as duas revelações em questão não são excludentes e não se referem a povos ou "escolhidos" diferentes. As duas revelações foram dadas aos discípulos, com o objetivo de prepara-los e alenta-los a respeito da volta de Jesus. Também, se atentarmos para a expectativa dos discípulos que ouviram as revelações de João14:1-3, observaremos que eles não poderiam estar na expectativa de uma futura perseguição mundial por parte do anticristo e de um arrebatamento logo após a tribulação, como tinham ouvido no Monte das Oliveiras e, ao mesmo tempo, ter uma expectativa de arrebatamento pré-tribulacional para evitar sua entrada na tribulação, baseados no que ouviram dois dias depois no cenáculo. A revelação de João 14:1-4 não é uma "cláusula aparte" da revelação do Monte das Oliveiras, dada dois dias antes. O sermão do Monte das Oliveiras não foi um mero informativo da condição futura de Israel como nação e sim uma revelação completa do quadro profético aos discípulos, encorajando cada um deles a esperarem esses eventos e a estarem atentos à concretização de todos os sinais revelados, pois só assim eles saberiam quando o Mestre estaria preste a voltar e não seriam pegos de surpresa nem enganados por falsos cristos e falsos profetas. Os discípulos, após o sermão do Monte das Oliveiras, começaram a esperar a volta de Jesus como ela tinha sido narrada pelo próprio Mestre: logo depois da tribulação (Mateus 24:29). Então, o pré-tribulacionismo insinua que Jesus estava ensinando em João 14:1-3 algo completamente diferente ao que Ele tinha ministrado dois dias antes! A diferenciação defendida pelo pré-tribulacionismo leva a uma séria incongruência. Se os discípulos representam Israel no sermão profético do Monte das Oliveiras, então deveriam representar Israel também na revelação de João 14:1-3, tirando a Igreja de qualquer contexto escatológico, o que, obviamente, não tem nenhuma sustentação bíblica! O contrário parece ser a posição mais salutar: se os discípulos representam a Igreja em João 14:1-3, então devem representar a Igreja também no sermão profético de Mateus 24... A idéia de que Jesus ensinou aos seus discípulos princípios referentes a sua segunda vinda, usando esses discípulos ora como símbolos de Israel, ora como símbolos da Igreja, sem explicar essa diferença crucial aos próprios discípulos, é altamente temerária e arriscada. Jesus é o Mestre por excelência e não revelaria questões tão diferentes sem estabelecer antes os parâmetros para que os discípulos pudessem entender tal diferença.
Nesse aspecto, o sermão profético do Monte das Oliveiras começou a esclarecer suas idéias, ao inseri-los cronologicamente nos eventos. Jesus detalhou os grandes eventos que antecederiam sua volta em glória, deixando claro que um período de tempo transcorreria antes da concretização do tão anelado reino literal do Mestre sobre a Terra. Jesus revelou que o evangelho do reino seria pregado a todas as nações. Nesse contexto, os discípulos ainda não sabiam como isso seria feito. Como seria possível pregar o evangelho a todas as nações sem a presença do Mestre? Nesse momento, Jesus começa a revelar-lhes a respeito do Ajudador, que seria enviado para ensinar, guiar e consolar a Igreja durante a ausência física do Senhor.
Não estava falando de ir ao céu para construir espaços ou locações especiais para seus discípulos. Jesus estava indo à cruz para preparar àqueles que cressem Nele o caminho para a salvação e para assegurar o lugar desses salvos em seu reino glorioso. Neste ponto, alguém poderia perguntar: Como Jesus estaria se referindo ao seu sacrifício na cruz, se Ele expressamente diz que estava indo ao Pai? Diante dessa pergunta, convém lembrar que a ascenção de Jesus, ocorrida 40 dias apos sua ressurreição, não foi sua primeira ida ao Pai. Logo após a sua ressurreição, Jesus subiu ao Pai. O capítulo 9 de Hebreus nos revela que Jesus é, ao mesmo tempo, o Cordeiro do Pai e o Sumo Sacerdote. Ele é o sacrifício perfeito e só Ele, como Sumo Sacerdote da nova aliança, é quem poderia oferecer esse sacrifício perfeito diante do Pai nos céus. "Nem por sangue de bodes e novilhos, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção. De sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu asim se purificassem; mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes. Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no próprio céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus; nem também para a si mesmo se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no santuário com sangue alheio; de outra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo. Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo" (Hebreus 9:12, 23-26) Essa realidade é fundamental para compreender o intuito da revelação de João 14, no que se refere à ida de Jesus ao Pai. Logo após a ressurreição e bem próximo ao local da sepultura, o Ungido encontrou Maria Madalena vindo ao local da tumba. Diante da grande expressão de alegria de Maria, o Senhor Jesus lhe deu a seguinte direção: "Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda na subi para meu Pai; mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus" (João 20:17) Logicamente, Jesus não estava referindo-se a sua ascenção, descrita em Atos 1. Como já comentamos, esse evento ocorreu 40 dias após. Nesses 40 dias, Jesus teve contato com várias pessoas, inclusive contato físico direto, como foi o caso de Tomé, oito dias após a ressurreição (João 20:24-31). Entendemos que Ele estava referindo-se a sua ida ao Pai para, como Sumo Sacerdote da nova aliança, oferecer seu próprio sangue no lugar santíssimo do templo existente no céu. A razão pela qual Maria não pôde "deter" em Jesus é a mesma razão pela qual os sacerdotes do antigo pacto tinham que se lavar e evitar tocar qualquer coisa imunda até a finalização de seus trabalhos sacerdotais. Como já mencionamos, Jesus não foi ao céu para construir "condomínios cristãos", logo após sua ascenção. Ele foi para sentar-se à direita do Pai e para aguardar o momento de sua vinda gloriosa (Hebreus 10:12-13). O fato de Jesus não ter ido ao céu com o objetivo de preparar locações para os cristãos fica demonstrado através da linguagem utilizada. Em primeiro lugar, Ele fala sobre os lugares disponíveis no tempo presente. Ele disse: "Na casa de meu Pai há muitas moradas". Essa linguagem requer que os lugares aos quais o Mestre estava se referindo já existissem quando a revelação foi dada. A palavra preparar não significa construir, mas trabalhar sobre algo que já existe. Esse é mesmo termo usado por Jesus quando Ele enviou os discípulos para prepararem o aposento alto, onde seria realizada a ceia da páscoa. Os discípulos não construíram um outro quarto ou salão, mas prepararam o local para acomodar a celebração da páscoa. A idéia de que Jesus ascendeu aos céus com o objetivo de construir literalmente lugares para acomodar seus discípulos, é completamente estranha às Escrituras, tornando-se mais uma suposição criada pelo pré-tribulacionismo. O Filho foi ao céu para preparar lugar para seus servos no seu reino e isso é possível através da purificação de nossos pecados pelo sacrifício Dele.
Em muitos versículos do Antigo Testamento, quando se menciona a expressão casa do Senhor, essa expressão está diretamente relacionada com o templo. Tanto quando se fala do tabernáculo (I Samuel 1:24), do templo construído por Salomão (II Crônicas 2:1 e 7:16) ou quando se refere ao templo milenal (Isaias 2:2-4, Joel 3:18). A Bíblia não se refere em termos gerais ao céu como casa do Senhor. Quando encontramos na Palavra o termo "casa do Senhor", sempre está relacionado ao templo, independentemente da época em que esse templo esteja inserido. Vejamos a passagem de Isaias, que fala claramente do templo milenal: "E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor no cume dos montes, e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações. Irão muitos povos, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor. E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos; e estes converterão as suas espadas em enxadões, e as suas lanças em foices; uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerrear" (Isaias 2:2-4) No Novo Testamento, a Igreja é chamada de templo santo do Senhor num sentido metafórico (Efésios 2:19-22). Porém, os discípulos que ouviram a mensagem de Jesus registrada em João 14 não estavam ainda familiarizados com essa metáfora usada por Paulo anos depois. Eles tinham familiaridade sim com a linguagem do Velho Testamento, onde o termo "casa do Senhor" se refere ao templo. Durante seu ministério, o Mestre também deixou claro a que estava referindo-se quando Ele empregava a expressão casa de meu Pai. "E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas; e disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes; e não façais da casa de meu Pai casa de venda" (João 2:16) Nessa ocasião, Jesus de forma inquestionável se refere ao templo de Jerusalém como "a casa de meu Pai". O versículo 17 mostra os discípulos associando a expressão de Jesus com uma referencia do Antigo Testamento à casa do Senhor (Salmos 69:9). Portanto, é altamente provável que eles entendessem a expressão usada pelo Mestre em João 14 da mesma forma. Os discípulos esperavam o reino de Deus instaurado a partir de Jerusalém, especificamente do templo (Isaias 2:1-5, Salmos 68:29). No sermão profético do Monte das Oliveiras, ocorrido somente dois dias antes das revelações registradas em João 14, o Senhor encorajou os discípulos a estarem vigiando esperando e esperando pela chegada de seu reino (Mateus 25:31, Lucas 21:31). Baseados nesses dados, os discípulos esperavam a volta do Mestre para fazer parte de seu reino e habitarem no templo, lugar do qual Jesus reinaria. Eles estariam onde Jesus estaria, pois essa era a promessa do Mestre (João 14:3). No livro de Lucas existe mais uma evidência que nos mostra que o Senhor Jesus referia-se a seu reino e não aos céus, quando disse na casa de meu Pai. Apesar de não ter registrado em seu livro a íntegra do sermão ocorrido no cenáculo, como João fez, Lucas nos dá uma informação importante para situar-nos dentro daquela situação. Não esqueçamos que o Ungido proferiu as palavras registradas em João 14 momentos antes da celebração da páscoa, pouco antes de sua crucificação. "E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça; porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. E, tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; porque vos digo que já não beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus. E eu vos destino o reino, como meu Pai mo destinou; para que comais e bebais à minha mesa no meu reino, e vos asssenteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel" (Lucas 22:15-18, 29-30) Fica claro que haverá uma celebração idêntica àquela narrada em João 14, quando Jesus voltar em glória para instaurar seu reino. Essa celebração não é outra senão as bodas do Cordeiro, da qual participarão todos aqueles que fazem parte da Igreja. No mesmo texto, Lucas descreve os apóstolos sentados sobre doze tronos no reino de Jesus. A expectativa dos discípulos a respeito de um reino literal de Jesus com sede em Jerusalém é tão clara que, após a ressurreição do Mestre e pouco antes a Sua ascenção, eles perguntaram: "Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?" (Atos 1:6). É notório, através das próprias promessas do Mestre e das revelações das Escrituras, que todos os santos do Senhor reinarão com Ele em seu reino. Porém, para os apóstolos há uma promessa específica: julgar desde o templo, assentados em doze tronos, ao lado do querido Senhor. Para os outros servos do Senhor, serão dados galardões e posições de autoridade sobre várias cidades (Lucas 19:11-26, II Timóteo 2:12). Alguns tendem a colocar objeção a essa interação entre Israel e Igreja, tanto na tribulação quanto no reino milenal. Essa objeção surge do dispensacionalismo exacerbado e não propriamente da exegese das passagens em questão. É óbvio que haverá distinção nacional durante o Milênio, porém não uma distinção dispensacional. Há somente um plano para o Milênio. Tanto a Igreja quanto Israel estão inseridos nesse plano divino. "E virão do oriente, e do ocidente, e do norte, e do sul, e assentar-se-ão à mesa no reino de Deus" (Lucas 13:29) "E maravilhou-se Jesus, ouvindo isso, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé. Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, Isaque e Jacó, no reino dos céus" (Mateus 8:10-11) Não há razões para separar o que Jesus ministrou no cenáculo e o que Ele tinha ministrado aos discípulos dois dias antes no Monte das Oliveiras. Quando comparamos o que está registrado em João 14:1-3, que narra o sermão feito pouco antes da celebração da páscoa no cenáculo, e Lucas 22:7-30, que narra a celebração da páscoa em si e não o sermão anterior, vemos que Jesus estava referindo-se à uma promessa literal em seu reino, logo após a sua volta gloriosa e visível. Também ao desconhecer a definição das Escrituras e que os discípulos entendiam como casa do Senhor, se corre o risco de tirar as palavras de Jesus fora do contexto e insinuar que Ele estava referindo-se a localidades não literais. É óbvio que existem lugares e mansões celestiais e nós, como co-herdeiros com Jesus Cristo, teremos acesso a eles. O próprio Criador já preparou uma cidade celestial para os santos, a Nova Jerusalém, descrita com detalhes em Apocalipse 21. Contudo, a Nova Jerusalém só nos será enviada no final do Milênio (Apocalipse 21:2). Durante o milênio, reinaremos com Cristo e Ele estará em Jerusalém, como Rei, Juiz e Senhor da Terra! Em Cristo, PROJETO ÔMEGA
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Saiba que o Altíssimo está no controle de tudo e de todos. Mesmo nos momentos mais difíceis, Ele estará conosco. A nossa salvação em Cristo é eterna. Nele, somos novas criaturas. Ele já venceu a morte. Ele é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na tribulação. Se você leu este artigo e ainda não tem a certeza da salvação eterna em Jesus, faça agora mesmo um compromisso com Ele! Convide-o para entrar em seu coração e mostrar-lhe a verdade que liberta. Veja porque você precisa ser regenerado e justificado, para viver a boa, perfeita e agradável vontade eterna do Criador e estar firme Nele diante de qualquer circunstância. Clique AQUI.
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